sábado, 5 de março de 2011


Tinha sido um ano difícil para April. Escola nova, amigos novos, e o seu maior sacrifício: morar com o pai. Ele era irritado, grosso, gritava com ela e sempre exigia mais do que podia dar. Então começaram os cortes nos pulsos, como forma de libertar sua alma de seu corpo. Liberdade, era o que ela mais desejava. Os primeiros cortes eram retos e longos, porém pouco profundos, se cicatrizavam rápido, de começo traziam dor, seguido de sensação de liberdade e prazer.Com o tempo não surtiam mais efeito. Uma paixão, mais pressão do pai, mais desejo de liberade, mais cortes , e cada vez mais profundos. Finalmente April se livrou de um de seus tormentos, o garoto que a fazia sofrer e que por acaso também era apaixonado por ela resolveu a chamar para sair, ela aceitou logo, com um longo sorriso , enquanto tentava esconder os pulsos e o medo de seu pai não dar autorização para seu encontro.Nesse dia ela andou todo o caminho distraída em seus pensamentos e seu nervosismo, chegou em casa e enfrentou seu pai logo de cara, e ao contrário do esperado, ela ouviu um musical SIM. Ela não perdeu tempo, subiu ao seu quarto e passou horas se arrumando, até esqueceu a gilete escondida na gaveta, e às 5:30 min, ele estava na porta. James, olhos grandes e castanhos, de longo brilho, sorriso aberto e bochechas com covinhas. Ele estava perplexo com a beleza dela, e ela estava radiante como nunca. James a levou para um campo longe, onde viram o pôr-do-sol, ele mal conseguia falar de início, mas logo as palavras saíram como se fossem ensaidadas. A noite estava prfeita, até que sem querer ele viu as marcas em seus pulsos. E aquele momento de exctase se tornou puro medo, ela assustada mal pensou e saiu correndo pelo campo, atravessando a rua até que um grito de James por seu nome a fez olhar para trás, em um súbito de falta de atenção, foi atropelada, sem dor, com morte instantânea. De certa maneira sua alma estava finalmente livre, porém seu corpo recebia as lágrimas sofridas de James e a longa e serena chuva de verão. (C.Oliveira:Beyond the Walls )

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